Quilombolas do Curiaú fazem apelo público após reintegração de posse em Taba Branca

Agricultor de 76 anos denuncia morte de animais, destruição de moradia e presença de seguranças armados em território tradicional no Amapá.

Oct 24, 2025 - 06:01
 0  14
Quilombolas do Curiaú fazem apelo público após reintegração de posse em Taba Branca

Macapá (AP) – Um apelo público com tom de urgência foi divulgado nesta terça-feira (22) pelo agricultor Mateus Ramos da Costa, de 76 anos, morador do Território Quilombola Taba Branca, pertencente ao Quilombo do Curiaú, em Macapá. Em documento endereçado a órgãos de justiça, meio ambiente, segurança pública e entidades de proteção animal, o quilombola pede socorro e intervenção imediata diante da situação que, segundo ele, ameaça a vida, a dignidade e a cultura da comunidade.

O caso teve início no dia 7 de outubro de 2025, quando foi cumprida uma reintegração de posse na área. Durante a ação, uma residência foi demolida e famílias tradicionais teriam sido impedidas de acessar suas terras e cuidar dos animais, resultando em mortes e sofrimento animal.

Mateus denuncia ainda que os proprietários dos bovinos não foram citados no processo judicial, o que, segundo ele, fere o direito à ampla defesa. Além disso, a presença de seguranças armados estaria gerando medo e impedindo o resgate dos animais. Há também relatos de ataques de morcegos, levantando preocupações sanitárias e ambientais.

Entre os pedidos feitos no documento, estão:

Investigação da atuação judicial no processo de reintegração;

Revisão das decisões que autorizaram a medida;

Retirada dos seguranças armados da área;

Ações urgentes de órgãos ambientais e de zoonoses para resgate e tratamento dos animais;

Intervenção do Ministério Público e da Defensoria Pública em favor das famílias afetadas;

E a presença da imprensa nacional, em especial do jornalista Roberto Cabrini, para registrar a realidade vivida no local.


O agricultor fundamenta o apelo em dispositivos da Constituição Federal, no Decreto nº 4.887/2003, que reconhece o direito dos quilombolas ao território, e na Lei de Crimes Ambientais. Ele reforça que não se trata de um confronto, mas de uma defesa da vida, da cultura e da dignidade.

 “Não deixem morrer os nossos animais, a nossa terra e a nossa dignidade”, escreveu Mateus Ramos da Costa, em carta aberta assinada no dia 22 de outubro de 2025, no Curiaú – Taba Branca.

Qual é a sua reação?

like

dislike

love

funny

angry

sad

wow

João Ataide João Ataide, reporte e administrador do Portal O Viajante.