Glifosato Está Causando Câncer nos Povos da Amazônia
o agronegócio não é "pop" e nem "tudo" para quem vive onde ele é produzido.
Glifosato Está Causando Câncer nos Povos da Amazônia
Faço parte do GTA (Grupo de Trabalho da Amazônia), uma rede que representa povos da região nos estados do Pará, Acre, Amazonas, Rondônia, Roraima e Amapá. Em nossos diálogos com essas comunidades, um tema é recorrente: o agronegócio não é "pop" e nem "tudo" para quem vive onde ele é produzido. Essa narrativa pode fazer sentido para quem mora em grandes cidades, sob o conforto do ar-condicionado, mas para os povos da floresta, a realidade é bem diferente.
O Impacto do Agronegócio na Amazônia
Nas áreas onde o agro avança, a devastação é evidente. Os rios e nascentes estão sendo contaminados pelo glifosato, um herbicida amplamente utilizado nas plantações de soja. Esse agrotóxico, lançado sem controle sobre a terra, impacta diretamente os povos indígenas, ribeirinhos, quilombolas e extrativistas, que dependem dos recursos naturais para sua sobrevivência.
A presença do agronegócio na Amazônia representa uma ameaça direta à agricultura familiar e à segurança alimentar dessas comunidades. Com o solo e a água envenenados, a pesca e o cultivo tradicional ficam comprometidos, afetando não apenas a saúde, mas também a cultura e os modos de vida desses povos.
O Que é o Glifosato e Por Que é Perigoso?
O glifosato é um herbicida utilizado para eliminar plantas daninhas e é um dos agrotóxicos mais vendidos no mundo. Ele é amplamente empregado em culturas como soja, milho e algodão. Esse composto organofosforado age bloqueando proteínas essenciais ao crescimento das ervas daninhas, mas estudos apontam que também pode causar câncer e outros problemas de saúde em seres humanos.
A Expansão da Soja e o Êxodo dos Agricultores
No Planalto Santareno (PA-370), ao longo da estrada, há diversos assentamentos de reforma agrária. No entanto, muitos agricultores familiares, diante da pressão do agronegócio, acabam vendendo ou arrendando suas terras para sojeiros. Esse fenômeno acelera o avanço da monocultura na Amazônia, intensificando os impactos ambientais e sociais.
Conclusão
A expansão do agronegócio na Amazônia não representa progresso para os povos da floresta. Pelo contrário, significa devastação ambiental, perda de territórios e uma ameaça silenciosa à saúde de milhares de pessoas. O uso indiscriminado do glifosato é apenas um dos sintomas dessa crise, que coloca em risco não apenas os habitantes da região, mas também o equilíbrio ecológico da maior floresta tropical do mundo.
Por João Ataíde o Viajante
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