Entrada na Guiana Francesa: visto continua obrigatório para brasileiros, apesar de anúncio presidencial
Segundo lideranças locais, a promessa de isenção de visto só terá efeitos concretos quando o Brasil aplicar uma política de reciprocidade mais firme.
Apesar do recente anúncio feito pelo presidente francês Emmanuel Macron durante a visita de Estado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à França, informando o fim da exigência de visto para brasileiros entrarem na Guiana Francesa, a medida ainda não está em vigor. De acordo com nota oficial, o visto continua sendo obrigatório para brasileiros que desejam ingressar no território ultramarino francês. A orientação é que todos os viajantes estejam atentos para não serem surpreendidos ao tentar cruzar a fronteira.
Além disso, a Agência Consular da França em Macapá informou que não responde a dúvidas ou solicitações sobre vistos. Todo o processo continua sob a responsabilidade da Embaixada da França em Brasília.
Para solicitar o visto, acesse:
Agendamento de atendimento em Macapá:
Entre o anúncio e a realidade
A demora na efetivação da medida tem causado frustração entre os brasileiros da fronteira, especialmente os que vivem em Oiapoque (AP), cidade vizinha à Guiana Francesa. Enquanto franceses da metrópole desfrutam da livre circulação no Brasil há décadas, os brasileiros ainda enfrentam burocracias e custos para obter o visto. O sentimento de injustiça tem ganhado força na região, onde muitos enxergam a atitude como mais uma expressão do comportamento colonialista francês. Historicamente, a França sempre estimulou a manutenção da divisão fronteiriça entre Oiapoque e Saint-Georges, pois isso facilita o controle da circulação com base na força econômica do euro e nas exigências diplomáticas unilaterais.
Além disso, é de conhecimento público em Oiapoque que diversos cidadãos franceses residem do lado brasileiro da fronteira, muitos sem visto regularizado, e inclusive com propriedades em seus nomes — o que levanta questionamentos sobre a real aplicação da lei e sobre a soberania nacional. Enquanto os brasileiros enfrentam rigidez e controle para atravessar a ponte binacional, muitos franceses vivem, circulam e fazem negócios livremente no município amapaense, sem qualquer reciprocidade.
Segundo lideranças locais, a promessa de isenção de visto só terá efeitos concretos quando o Brasil aplicar uma política de reciprocidade mais firme — não apenas no fluxo de pessoas, mas também no funcionamento de empresas francesas em território nacional, que atuam com ampla liberdade e pouca contrapartida social.Entrada na Guiana Francesa: visto continua obrigatório para brasileiros, apesar de anúncio presidencial
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João Ataide
João Ataide, reporte e administrador do Portal O Viajante.
