Geovana Ramos: Guardiã da Cultura Quilombola e Protagonista da Resistência Afro-Amapaense
A Voz do Quilombo do Curiaú

No coração da Amazônia, o Quilombo do Curiaú mantém viva a história de um povo que resiste. E entre seus maiores símbolos está Geovana Ramos, liderança quilombola, ativista cultural e guardiã das tradições afro-amapaenses. Descendente direta de Pedro Cecílio Ramos e Eufrosina Ramos, fundadores da comunidade, ela construiu uma trajetória de luta pela preservação da identidade negra, pela defesa do território e pelo fortalecimento das manifestações culturais de seu povo.
Desde a infância, Geovana cresceu imersa nas festas, danças e ritos religiosos que marcam a identidade do Curiaú. Sua atuação, no entanto, não se limita ao território quilombola. Ao longo dos anos, ela conquistou espaço em debates estaduais e nacionais, levando a voz da resistência quilombola para além das fronteiras do Amapá.
Cultura, Coletividade e Luta
A força de Geovana se traduz em sua participação ativa em movimentos e associações que fortalecem a cultura e os direitos quilombolas. Entre suas atuações destacam-se:
- Associação Mãe Venina – Empoderamento das mulheres negras quilombolas.
- Associação Filhos do Curiaú – Promoção de ações culturais e comunitárias.
- Grupo Cultural de Batuque da Comunidade – Preservação e valorização do batuque.
- Grupos de Marabaixo do Pavão – Manutenção da tradição marabaixeira.
- Associação dos Moradores do Quilombo – Mobilização e fortalecimento das causas locais.
Seu ativismo também a levou a integrar espaços institucionais, como o Conselho de Proteção Ambiental da APA do Curiaú, onde atua na defesa do território quilombola e de sua biodiversidade. No Instituto Nação Marabaixeira, participa do projeto "Cantando Marabaixo nas Escolas", promovendo a cultura quilombola para as novas gerações. Além disso, faz parte da Rede de Mulheres Fulanas, que articula movimentos femininos no Amapá.
Uma Dançadeira Que Se Tornou Ícone
A presença de Geovana é indispensável nas festas religiosas e culturais do Quilombo do Curiaú. Ela participa ativamente das festividades de São Joaquim, Santo Expedito, São Sebastião e Santo Antônio – esta última, tradicionalmente organizada por sua família, os Rosário Ramos.
Como dançadeira de marabaixo e batuque, ela incorpora a ancestralidade em seus giros e movimentos, tornando-se referência na preservação dessas expressões artísticas. Cada passo que dá ecoa a resistência e a história de seu povo.
Uma Imagem que Rodou o Mundo
Em 1993, um momento singelo da vida de Geovana Ramos se transformou em um símbolo de maternidade e identidade quilombola. Enquanto amamentava seu filho Cássio, um fotógrafo registrou a cena. O clique capturou não apenas um instante de amor materno, mas a essência da resistência quilombola.
A fotografia ganhou repercussão nacional e internacional. Foi destaque em uma exposição em São Paulo, apareceu na Rede Globo, no programa da Xuxa, e chegou a estampar a capa da revista Manchete. Hoje, 32 anos depois, essa história ainda é pouco conhecida, mas reforça o papel de Geovana como uma figura singular na cultura e na luta quilombola.
Legado e Inspiração
Geovana Ramos não apenas preserva a memória do Quilombo do Curiaú; ela a mantém viva e pulsante. Seu trabalho fortalece a identidade quilombola e impulsiona a luta por políticas públicas para comunidades tradicionais. Como símbolo de resistência e ancestralidade, sua trajetória inspira novas gerações a defenderem e valorizarem suas raízes.
"Preservar a cultura quilombola é manter viva a história de um povo que resistiu e resiste."
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