Burkina Faso resgata identidade africana: 15 de maio será o Dia da Valorização da Cultura e Tradição
A retomada das tradições e dos cultos ancestrais é uma forma de fortalecer a identidade nacional e garantir a proteção espiritual e social do povo burkinaber.
Em uma decisão histórica, o presidente de Burkina Faso, Ibrahim Traoré, decretou o dia 15 de maio como o Dia da Valorização da Cultura e Tradição Africana. A medida marca uma virada simbólica e política no país, que busca se reconectar com suas raízes culturais após décadas de apagamento promovido pelo imperialismo europeu.
Segundo o presidente, a retomada das tradições e dos cultos ancestrais é uma forma de fortalecer a identidade nacional e garantir a proteção espiritual e social do povo burkinaber. “A volta às nossas raízes é a base da nossa força. Um povo que esquece sua cultura está vulnerável a qualquer tipo de dominação”, afirmou Traoré em discurso oficial.
O líder burkinabe também fez duras críticas ao processo de colonização que afetou o continente africano, especialmente após a Conferência de Berlim, realizada em 1885. Na ocasião, potências europeias dividiram a África entre si, alegando levar a civilização e a “religião revelada”, mas, na prática, impuseram regimes de exploração, desvalorizando as culturas locais.
A criação do feriado nacional é vista por estudiosos como um passo importante para a descolonização simbólica e cultural do país. Movimentos sociais, lideranças religiosas tradicionais e intelectuais africanos celebraram a iniciativa como um marco no processo de revalorização das matrizes culturais do continente.
Com esse gesto, Burkina Faso se junta a outras nações africanas que têm promovido ações para reconstruir a autoestima dos povos africanos e reconhecer a riqueza de suas tradições milenares.
Por João Ataide
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João Ataide
João Ataide, reporte e administrador do Portal O Viajante.
