NOTA DE ALERTA EPIDEMIOLÓGICO       Nº 01/2021 | 09 de setembro de 2021  SVS/CIEVS-AP

Atenção aos municípios de Calçoene, Oiapoque e Amapá, possuem os desembarques mais expressivos da frota marítima paraense,

Sep 10, 2021 - 13:28
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NOTA DE ALERTA EPIDEMIOLÓGICO       Nº 01/2021 | 09 de setembro de 2021  SVS/CIEVS-AP

A doença de Haff é uma síndrome que consiste de rabdomiólise sem explicação, que se caracteriza por ocorrência súbita de extrema rigidez muscular, mialgia difusa, dor torácica, dispneia, dormência e perda de força em todo o corpo, urina cor de café além de elevação sérica de creatinofosfoquinase, mioglobina, transaminases e desidrogenase láctica.

A doença é causada por uma toxina que pode ser encontrada em determinados peixes como o tambaqui, o badejo e a arabaiana ou crustáceos (lagosta, lagostim, camarão). Quando o peixe não foi guardado e acondicionado de maneira adequada, ele cria uma toxina sem cheiro e sem sabor.

Ao ingerir o produto, mesmo cozido, a toxina provoca a destruição das fibras musculares esqueléticas e libera elementos de dentro dessas fibras no sangue, ocasionando danos no sistema muscular e em órgãos como os rins. Risco epidemiológico. Os casos de doença de Haff foram descritos pela primeira vez em 1924, na região do Báltico, na Prússia e na Suécia e envolveram o consumo de diferentes peixes de água doce cozidos. Posteriormente, os Estados Unidos e China também reportaram casos associados à ingestão de peixes e lagostins respectivamente. No Brasil, um surto de 27 casos de doença de Haff ocorreu durante 4 meses no norte do estado do Amazonas, em 2008, e um caso adicional da região amazônica foi relatado em 2013.

Nos anos seguintes vários outros surtos foram registrados no país, principalmente no estado da Bahia, com surto no início em dezembro de 2016 e se prolongou até abril de 2017, acometendo um total de 67 pessoas. Em 2020, no mesmo estado foram registrados mais de 40 casos da doença. Em 2021, o estado do Amazonas registrou 48 casos da doença de Haff, entre o período de agosto a setembro de 2021, onde um destes casos evoluiu a óbito. O estado do Pará, apresenta dois casos suspeitas da doença, um na capital e outro em Santarém.

Produção Pesqueira no Estado Do Amapá. A produção de pescado comercializada no estado do Amapá tem seu principal porto de desembarque no município de Santana, que faz a distribuição deste produto para todo o estado, em sua grande maioria, oriundos dos municípios paraenses do baixo e médio Amazonas (Santarém, Óbidos, Monte Alegre, Alenquer, Prainha e outros) e de alguns municípios amazonenses (Maués, Coari e outros) e em menor proporção do porto de Macapá e Laranjal do Jarí. Porém, os municípios de Calçoene, Oiapoque e Amapá, possuem os desembarques mais expressivos da frota marítima paraense, que lá aportam e comercializam parte da produção.

A doença de Haff  é considerada rara, com aumento de casos notificados no Brasil. Portanto, o CIEVS/AP ressalta a importância de que todo o Sistema de Saúde do Estado do Amapá, tanto público como privado, estejam alertas no caso de pacientes que retornem de áreas com registro da doença no país com mialgia e sintomas de rabdomiólise, para considerar a doença de Haff como possível diagnóstico diferencial.

Também deve ser tomado cuidado ao tratar estes pacientes, de modo a evitar agentes anti-inflamatórios não esteroides, devido a uma possível toxicidade renal simultânea.  Recomendação: • Ao sentir dores musculares e apresentar urina escura após o consumo de peixes ou crustáceos, deve-se procurar imediatamente uma unidade de saúde. • Monitoramento da Vigilância Sanitária Municipal e Estadual, na possível suspeita de algum caso

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João Ataide João Ataide, reporte e administrador do Portal O Viajante.