Neta e filha de lavadeira de roupa forma em Direito.

Keila Ataíde Santana, de 38 anos, é o que se diz no universo negro de inverter a lógica, uma história inspiradora de alguém que desde muito cedo disse o que queria e conseguiu. Como as mulheres de sua família negra de periferia lavou roupa, limpou casa e passou fome, esses detalhes, relato para servir de inspiração para outros (as) que por ventura se encontram em mesma situação.

Keila dividia os trabalhos domésticos com os estudos em cursinhos gratuitos ou por onde houvesse uma cortesia para aprender, cabe o destaque de ela ter sido aprovada em matemática no vestibular da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) por duas vezes no mesmo curso de matemática. Trabalhando de doméstica, sempre encontrou anjos e a primeira foi uma senhora, que por intermédio de seu filho conseguiu um teste em uma faculdade particular de uma vaga de emprego, fez todos os testes e passou trabalhou nessa faculdade teve um desempenho formidável no setor administrativo e por conta disso, mesmo já se formando em matemática ganhou uma bolsa integral em Bacharel em Direito.

Na bolça tinha como regra não ficar em nenhuma disciplina, assim ela foi vencendo etapa por etapa, sempre contando com os anjos e seguindo de cabeça erguida suportando os olhares de que não será capaz. No meio da pandemia fica desempregada e pensou em desistir. Cursava e trabalhava na mesma faculdade e quando se viu desempregada pensou que a faculdade tiraria a bolça, mas todas as garantias foram preservadas. No meio do caminho acontece o falecimento de sua vó que criou como mãe a lavadeira Honorata que tem uma parte nessa história, era ela a principal incentivadora.

Tem aquela frase que diz: quando se fecha uma porta Deus abre janelas e por amigos consegue um novo emprego sendo como assistente de dentista, como em todo começo foi difícil gradualmente ganhou patrões, amigos e anjos. 

Friso meu — Esse momento representa muito para nós, nossa família teve como alicerce a lavagem de roupa, e trabalho doméstico e um dia essa menina mulher disse que inverteria essa lógica, predestinada a população negra. Limpou casa e estudou, estudou muito, aos 38 anos minha filha sobrinha recebe a outorga de Direito. Ela formou em matemática pela unifap e agora em Direito pela FAMA.

Quando os médicos dentistas e atendentes do consultório souberam da história de Keila, foram lentamente contribuindo com o que nem a família certamente poderia lhe oferecer, se juntaram e uma comprou os sapatos, outra lhe deu a maquiagem e outro tem ajudado de forma incondicional em tudo. Com esses anjos: Anayara Miranda, João Victor Cavalcante, Sérgio Lima.

Keila Cristina Ataíde Santana uma negra da periferia do Pacoval que um dia andou quilômetros para fugir da violência urbana, que nunca baixou a cabeça diante dos olhares negativos formou-se na sua segunda universidade em bacharel em direito e diz que não vai parar por aí, disse que vai passar na OAB, e sonha na carreira do judiciário. Minha sobrinha filha Certamente nossa mãe onde se encontra diria que valeu apena e deve estar muito feliz.

O Viajante