Negros na Fronteira: Reflexões sobre Migração e Emancipação em Macapá
Uma nova perspectiva sobre a história dos negros raceados nas Guianas Francesa e Brasileira
Ao mergulhar na leitura do livro de Leandro Freitas Pantoja, "A MISÉRIA DA ALFORRIA E AS MIGALHAS DA LIBERDADE: EMANCIPAÇÃO ESCRAVA EM MACAPÁ NA DÉCADA DA ABOLIÇÃO – 1883-1886", surge uma nova perspectiva sobre a história dos negros raceados nas Guianas Francesa e Brasileira, com destaque para a antiga vila do Espírito Santo, hoje município de Amapá, como epicentro desses eventos.
Um relatório datado de outubro de 1848, emitido pelo presidente da província, conselheiro Jerônimo Francisco Coelho, lança luz sobre os deslocamentos populacionais como resposta às medidas autoritárias de controle e compulsão da população pobre e ociosa para formas regulatórias e racionais de trabalho. O relatório menciona a presença de foragidos, desertores, quilombolas e réus de polícia ou vagabundos nas margens dos lagos Amapá, nas Terras do Cabo do Norte e no arquipélago de ilhas da foz do Amazonas.
O mapa 01, da Guiana Brasileira, produzido no final do século XIX, ilustra a localização geográfica desses sujeitos indesejados e deslocados, conforme mencionado pelo conselheiro Coelho. Essa análise histórica nos leva a reflexões sobre o presente, evidenciando a exclusão do elemento negro do contexto regional da área do contestado.
É nesse contexto que surge o personagem Trajano, visto como traidor pelo colonizador em 1895, mas que, para aqueles que ajudou a cruzar os dois lados de uma fronteira geográfica disputada, foi um aliado crucial em uma região esquecida por mais de 200 anos. Essas reflexões sobre migração, emancipação e a presença negra na fronteira entre as Guianas Francesa e Brasileira lançam novos olhares sobre a história e as dinâmicas sociais da região de Macapá.
Por João Ataíde o Viajante.
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