Explorando o Passado: Uma Aventura nas Terras da Serra do Navio

Foi uma jornada que misturou o dever profissional com a descoberta de lugares encantadores

Explorando o Passado: Uma Aventura nas Terras da Serra do Navio
Foto João Ataíde

Revirando minhas lembranças virtuais, deparei-me com uma viagem que fiz em agosto de 2008, para Pedra Branca e Serra do Navio. Na época, eu trabalhava como motorista terceirizado na Secretaria Estadual de Educação (SEED), acompanhando professores para aplicar provas em massa. Foi uma jornada que misturou o dever profissional com a descoberta de lugares encantadores, cuja existência atual desconheço.

Um desses lugares foi a Serra do Navio, um município próspero no coração do Amapá. Nos anos cinquenta, sua história começou a ser escrita com a exploração do manganés pela então Empresa de Indústria e Cormécio de Minérios (ICOMI) que venceu e assinou, em 1953, contrato de concessão com a União para a exploração de manganês na região. Hoje, poucas lembranças daquela época persistem, deixando para trás uma dívida social imensa. A estrutura da cidade refletia as divisões sociais da época, com áreas destinadas aos diferentes estratos sociais: Estaf, Primário e Intermediário. Na entrada da cidade, ficava o Primário, onde residiam os menos favorecidos, enquanto o Intermediário abrigava aqueles com funções de destaque, e o Estaf era reservado aos engenheiros e outros privilegiados. A cidade, hoje, é um ponto histórico marcante, tendo alcançado o status de município em 2002. No entanto, disputas políticas acirradas têm dominado a cena, muitas vezes em detrimento do bem-estar da comunidade.

Durante essa expedição, deparei-me com uma descoberta inusitada: no meio do caminho entre Pedra Branca e Serra do Navio, encontrei a cachaçaria do seu Brasil. Um lugar isolado, habitado por pessoas que produziam cachaça e licores dos mais diversos sabores. Entre suas preciosidades, destacava-se a cachaça registrada chamada Tumucumaque. São memórias vívidas de uma época e de uma Serra que, temo, já não existam mais, perdidas no tempo e na imensidão da história.

Por João Ataide o Viajante.