UM AMAPÁ QUE O AMAPÁ NÃO CONHECE UM AMAPÁ QUE O BRASIL TEM UMA DÍVIDA DE PELO MENOS CONTAR SUA HISTÓRIA.
Uma vasta área litigiosa ao longo do rio Oiapoque
Antes de tudo me deixa dizer uma coisa: não sou um curioso, sou um licenciado em história pesquisador com pós-graduação em história indígena e africana que parte da curiosidade para despertar o discurso coletivo, falo isso para não ser julgado antes que leia e tome essa pesquisa como um compartilhamento de informação. Aliás, todo conhecimento é para compartilhar, então vamos lá.
Uma vasta área litigiosa ao longo do rio Oiapoque, na fronteira entre o Brasil e a Guiana Francesa, permaneceu fora da regulação jurídica institucional dos dois países até dezembro de 1900 quando foi definitivamente incorporada ao Brasil. Desde o ano de 1884, várias missões científicas de origem francesa com apoio do estado nacional e financiamento do capital privado incentivaram a prospecção e a exploração dos recursos naturais nessa região.
A descoberta de grandes jazidas auríferas no rio Calçoene no ano de 1893 trouxe várias empresas para essa região seguida de uma intensa migração de trabalhadores vindos do Caribe e da Amazônia. Esses fatos geraram uma explosão demográfica que desestabilizou a vida cotidiana das populações nativas.
O resultado dessa febre do ouro atingiu seu clímax em maio de 1895 no episódio conhecido como o “massacre do Amapá”, um conflito armado entre militares franceses e paramilitares brasileiros em que pereceram entre 40 e 60 pessoas, dependendo das fontes consultadas, um incidente nada diplomático que por pouco não levou os dois países à guerra.
O lugar de que falamos recebeu o nome de território contestado franco-brasileiro, uma extensa porção de terras ocupadas sem soberania definida por mais de duzentos anos. Durante essa fase da expansão imperialista europeia ao final do século XIX, o “Contestado” tornou-se espaço privilegiado para se observar os contatos entre os pesquisadores, exploradores, empreendedores industriais e comerciantes e a população habitante desse lugar.
FONTE -https://doi.org/10.4000/caravelle.7302
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