OS COVEIROS DA COVID-19
“Estou chegando agora, desde manhã e fico de sobreaviso para qualquer hora ir enterrar alguém”.
Disse um invisível social que recebe a missão do sepultamento dos que perderam a vida por esse vírus voraz, seu prenome é Nildo o coveiro.
“Coveiro, ou sepultador é o profissional que trabalham garantindo a organização dos cemitérios, a limpeza das covas e jazigos, cavando e cobrindo sepulturas, carregando caixões, realizando sepultamentos e exumações, entre outras funções. Geralmente, a administração do cemitério é realizada por uma equipe de coveiros e serventes, além de um profissional de chefia que faz a organização financeira e administrativa”, fonte (coveirosbrasil.blogspot.com).
Acompanhei o relato de três personagens passam preservados em suas identidades, ficam cobertos e recebem a difícil tarefa do sepultamento de um caixão lacrado. Correndo o risco de serem infectados “Quando nós chegamos para trabalhar, vestimos todos os EPI, roupas especiais, higienização. Conviver com choro das pessoas de longe, sem despedida parte o coração, muitas vezes enterramos amigos e nem sabemos”. Nildo. Um Coveiro Nível I ganha em média R$ 1.362,49, o Nível II recebe cerca de R$ 1.417,70, já o Nível III tem uma média salarial de R$ 1.398,73 mensais de acordo com pesquisa do salario.com.br junto aos dados oficiais do CAGED de profissionais demitidos no mercado de trabalho.
“Não deve ser fácil essa rotina”, grifo meu.
Nildo quando sai do trabalho, passa no canto de sua casa, compra uma cerveja e fica num canto sozinho, com olhar distante, nem imagino que deve passar pelo pensamento desse homem, toma uma cerveja antes de ir deitar para a qualquer momento ser chamado outra vez para um novo sepultamento. Em todo esse período de pandemia do covid-19, no dia 23 de dezembro contabilizam 891 mortes em todo o estado do Amapá, (fonte www.bing.com) com os maiores números de sepultamentos no Cemitério de São Francisco em média de 300 a 400 que fica localizado na zona norte de Macapá na BR, onde foram destinadas 3 áreas para as vítimas do coronavírus, nos outros dois da capital Macapá, Nossa Senhora da Conceição, no centro da cidade e o São José no bairro do Buritizal são enterrados os que a família já tem à terra comprada. Em todos os três os coveiros seguem uma rotina de plantões e sobreaviso com corvas prontas.
No cemitério de Nossa Senhora da Conceição, conversei com os coveiros de plantão, os quais menciono só o primeiro nome: Valdomiro funcionários da prefeitura há 29 anos" em todo esse tempo na profissão nunca tinha passado por uma situação de sepultar, as pessoas dessa forma, mesmo com EPIs ainda é arriscado, mas temos de fazer”. O paceiro de trabalho Daniel trabalha como coveiro há 35 anos" nunca passei, quando sei ser devido ao covid tem todo um preparo e fazer, sabendo que temos de fazer e quando é a pessoa nova, uma vida pela frente da covid leva é, triste". Mesmo eles com tanto tempo, acostumados com os enterros sentem e tem medo, são guerreiros porque não dizer heróis. São os invisíveis que merecem respeito no que mostra que cada função tem sua importância.
O viajante,
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