Jomar Quaresma: A trajetória de um artista que transformou o Hip Hop em ferramenta de transformação social no Amapá
A trajetória de Jomar Quaresma é um exemplo vivo de como a música e a cultura podem transformar vidas.

A história de Jomar Quaresma, 40 anos, nascido em Macapá-AP no dia 25 de setembro de 1984, é um exemplo inspirador de como a arte pode ser uma poderosa ferramenta de transformação social. Desde cedo, Jomar demonstrou paixão pela música, começando sua trajetória artística como tecladista da banda de rock Equinócio, em 2000. Com a banda, venceu o Festival Jovem da Canção (FEJOCA), alcançando o primeiro lugar e destacando-se no cenário musical local.
Ainda adolescente, Jomar conheceu o universo do rap de forma inusitada: uma fita K7 comprada de um camelô no centro de Macapá. O disco em questão era “Sobrevivendo no Inferno”, do icônico grupo Racionais MC’s. A partir desse momento, sua vida foi transformada pela cultura hip hop. Ele passou a acompanhar grupos locais como Delinquentes do Rap e CRGV, além de artistas do cenário nacional, mergulhando de vez nessa manifestação cultural.
A consolidação no Hip Hop
Em 2004, Jomar fundou o grupo de rap Relatos de Rua ao lado de Cleide Queiroz. O grupo tornou-se uma voz potente para expressar vivências e denúncias sociais e políticas. Além de ser compositor e MC, Jomar também se destacou como beatmaker, criando arranjos e batidas que marcaram o grupo, como a música “Ao Lado de Deus”, uma homenagem ao seu pai, falecido em 2006.
Com Relatos de Rua, lançou dois álbuns: o primeiro em 2007, com cinco faixas, e o segundo em 2010, intitulado “O Fim do Mundo”, com 12 faixas. Ambos foram gravados e mixados na gravadora “Nóis Pur Nóis Rec.”, reafirmando o talento e a originalidade do grupo no cenário musical.
Reconhecimento e contribuição cultural
Ao longo de sua carreira, Jomar participou de festivais importantes, como o Festival Negra América (Salvador-BA), Festival Até o Tucupi (Manaus-AM), Festival Quebramar (Macapá-AP) e o Festival Amazônico de Hip Hop, consolidando seu nome em âmbito regional e nacional. Em reconhecimento à sua contribuição, recebeu o Diploma de Destaque Cultural do Conselho de Cultura do Governo do Estado do Amapá, honraria que celebra sua relevância na cultura hip hop local.
Intelectual e militante do movimento hip hop
Jomar ingressou no curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) em 2007, onde aprofundou sua compreensão sobre os aspectos sociais e culturais do hip hop. Seu artigo, publicado na PRACS: Revista Eletrônica de Humanidades, abordou o tema “HIP HOP TUCUJU: um breve estudo do movimento cultural urbano como instrumento de prevenção e resgate de jovens em vulnerabilidade social no município de Macapá-AP”. Para Jomar, o hip hop vai além da música:
> “O Hip Hop é uma poderosa ferramenta de resgate de jovens que vivem em vulnerabilidade social, canalizando as energias dos jovens que poderiam estar voltadas à criminalidade e centralizando-as nas produções artísticas. De fato, o hip hop salva vidas.”
Um novo capítulo, sem abandonar as raízes
Atualmente, Jomar exerce a profissão de Técnico em Enfermagem na Maternidade do Estado, demonstrando que é possível equilibrar uma carreira profissional com a dedicação às artes. Nos momentos livres, continua a produzir músicas e escrever, com planos para novos projetos e trabalhos que prometem continuar sua contribuição à cultura e à sociedade.
A trajetória de Jomar Quaresma é um exemplo vivo de como a música e a cultura podem transformar vidas, conectar pessoas e criar oportunidades, especialmente em contextos de vulnerabilidade social. Seu legado é a prova de que o hip hop, mais do que um gênero musical, é uma expressão de resistência, empoderamento e esperança.
Por João Ataide o Viajante
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