Escolas públicas recebem oficinas e exposições indígenas que promovem saberes tradicionais e fortalecem o empreendedorismo local 

Texto: Mary Paes

Nov 3, 2025 - 18:25
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Escolas públicas recebem oficinas e exposições indígenas que promovem saberes tradicionais e fortalecem o empreendedorismo local 
Fotos: Alain Oliveira (NPD Secult) e Arquivo Coletivo de Mulheres Indígenas

Segunda etapa da iniciativa dos coletivos Semente Wanaku e Kayeb acontece nos dias 4, 7 e 11 de novembro, com o objetivo de valorizar saberes indígenas e gerar oportunidades para comunidades em situação de vulnerabilidade social 

A segunda etapa das oficinas e exposições itinerantes promovidas pelos coletivos indígenas Semente Wanaku e Kayeb será realizada nos dias 4, 7 e 11 de novembro, em escolas públicas de Macapá. A programação dá continuidade às ações iniciadas no fim de outubro e tem como propósito preservar e valorizar a cultura indígena, promovendo a transmissão de saberes artesanais e o fomento à autonomia econômica, especialmente entre mulheres em situação de vulnerabilidade social.

Os projetos — “Oficinas de Artesanato Indígena Sementes de Wanaku – Empoderamento e Valorização Cultural”, “Exposição Sementes de Wanaku – Arte, Cultura e Resistência Indígena” e “Mostra Cultural Kayeb – Arte e Ancestralidade Palikur-Arukwayene” — são conduzidos pelos coletivos Semente Wanaku, formado por Geraldina Iaparrá Labonté, Dilziane Labonté (Dilza Palikur), Dilzete Labonté Orlando e Zuleika Marworno, representantes das etnias Palikur-Arukwayene e Galibi-Marworno, do município de Oiapoque (AP); e pelo Coletivo Kayeb, composto pelos artistas Josieldo Labontê Orlando, Francileia Narciso Iaparrá e Jordan Palikur, todos da etnia Palikur Arukwayene.

As oficinas e exposições são realizadas em escolas públicas e comunidades periféricas, alcançando o público a que se destinam. Durante as atividades, os participantes aprendem a confeccionar cuias, colares, pulseiras, brincos e outros artefatos tradicionais kayeb, utilizando materiais naturais e técnicas ancestrais. Ao mesmo tempo, são compartilhadas narrativas, mitologias e significados simbólicos relacionados aos objetos produzidos.

Nesta etapa, as escolas que recebem o projeto são:
Escola Estadual Prof. Maria Carmelita do Carmo; Escola Estadual Predicanda Lopes e Escola Estadual Mário Quirino da Silva — estas duas últimas, com ações voltadas aos alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Para Dilza Palikur, idealizadora do projeto, a proposta une resistência cultural e autonomia econômica:

“A ideia do projeto Semente Wanaku surgiu da necessidade de resistir ao apagamento cultural e garantir que os saberes indígenas continuem vivos nas gerações futuras, ao mesmo tempo em que oferece oportunidades de geração de renda para mulheres em situação de vulnerabilidade”, explica.

O artista Josieldo Labontê destaca que a Mostra Cultural Kayeb apresentará esculturas, miniaturas de utensílios tradicionais e adornos indígenas.

“Os artefatos expostos incluem esculturas de kayeb, miniaturas de talheres e outros objetos tradicionais, além de colares, pulseiras e cocares”, ressalta.

 Mostra destaca saberes indígenas na arte das cestarias de arumã 

A programação também contará com a mostra “Os Ruídos de Arquivo dos Saberes Indígenas na Poética das ‘Tramas’ das Cestarias de Arumã”, da pesquisadora, poeta e escritora indígena Cláudia A. Flor D’Maria.

A exposição apresenta a cestaria de arumã como expressão de memória, identidade e cultura, valorizando o conhecimento tradicional dos povos indígenas, especialmente do povo Itaquêra.

Segundo Cláudia, a pesquisa evidencia a cadeia produtiva da cestaria, que envolve paneiros, abanos, cestos, entre outros artefatos, e a poética que permeia o fazer artesanal.

“Na minha pesquisa, trago a etnia Itaquêra como protagonista de uma narrativa vivenciada em seus territórios amazônicos, destacando a cosmologia e as histórias compartilhadas por mulheres que ainda dominam a técnica dos trançados de arumã”, afirma.


As iniciativas foram contempladas em edital com patrocínio do Governo Federal, por meio da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura, sob gestão da Secretaria de Estado da Cultura do Amapá (Secult-AP).

 CRONOGRAMA 

 4 de novembro | 9h 
Escola Estadual Prof. Maria Carmelita do Carmo — Rua Barão de Mauá, nº 345, bairro Buritizal

 7 de novembro | 18h30 
Escola Estadual Predicanda Lopes — Rua Rio Grande do Sul, 131, bairro Santa Rita

 11 de novembro | 18h30 
Escola Estadual Mário Quirino da Silva — Rua Claudomiro de Moraes, 1268, bairro Novo Buritizal

 Serviço 

Oficinas e exposições de artesanato indígena
Datas: 4, 7 e 11 de novembro
Horários: conforme cronograma
Locais: Escolas estaduais (verificar endereços no cronograma)

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João Ataide João Ataide, reporte e administrador do Portal O Viajante.