Poca do Rap: Um Ícone da Cultura Hip Hop no Amapá
Jorge Alberto de Araújo de Souza, mais conhecido como Poca, nasceu em 8 de novembro de 1977.
Jorge Alberto de Araújo de Souza, mais conhecido como Poca, nasceu em 8 de novembro de 1977 e desde jovem trilhou uma trajetória marcada pela arte, resistência e transformação social no estado do Amapá. Seu envolvimento com o movimento hip hop começou em 1990, quando descobriu o break dance através do grupo Street Boys, criado por seu irmão, Helder DT. Foi também por intermédio dele que Poca teve seu primeiro contato com o rap, ouvindo uma fita cassete do grupo norte-americano Public Enemy.
Em 1992, o rap nacional entrou em sua vida com "Hip Hop na Veia", de Thaíde e DJ Hum, marcando o início de uma paixão que moldaria sua adolescência. As músicas de grupos como Racionais MC’s, com "Fim de Semana no Parque", e DMN, com "Considere-se um Verdadeiro Preto", despertaram sua consciência sociorracial e o inspiraram a usar a música como ferramenta de transformação.
A Produção Artística e o Marco no Rap Amapaense
No ano de 1997, Poca deu seus primeiros passos na composição autoral, escrevendo a música "Jogo da Vida". Mas foi em 1999 que sua carreira tomou um rumo decisivo ao integrar o Clã Revolucionário Guerrilha Verbal (CRGV), o primeiro grupo de rap autoral do Amapá. Com o CRGV, Poca consolidou sua trajetória no hip hop, unindo produção artística, militância social e projetos culturais.
Entre os momentos mais marcantes, destacam-se as músicas "Pororoca Sonora" e "Força e Coragem", a apresentação do programa de rap Voz Ativa na Rádio Comunitária Novo Tempo e oficinas de rap em escolas e na Casa de Abrigo do Menor Infrator Aninga.
Militância Social e Projetos Transformadores
Entre 2002 e 2003, Poca liderou o projeto Hip Hop Periferia Sem Fome, que combinava intervenções culturais e arrecadação de alimentos para famílias vulneráveis. Em 2005, ele foi eleito delegado na I Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNAPPIR), ampliando sua luta pela justiça social.
Nos anos seguintes, Poca ajudou a criar o Movimento Afro Jovem do Amapá (MOAJA) e apresentou programas como Quilombos e Periferias e Hip Hop na Veia, que deram visibilidade à cultura negra e ao hip hop no estado. Em 2010, seu grupo Afro-Ritmos, que misturava ritmos tradicionais negros, capoeira e rap, foi reconhecido nacionalmente ao receber o Prêmio Hip Hop – Edição Preto Ghóez.
Novas Conexões e Projetos Recentes
A partir de 2012, Poca integrou o coletivo Guerrilha do Raciocínio, que promoveu intervenções artísticas em áreas vulneráveis e produziu o minidocumentário Ponte Baixada. Em 2016, participou da Cypher Contra-Golpe e, em 2020, lançou "Era Digital" com o coletivo.
Além de sua atuação no hip hop, Poca promoveu a integração do rap com o samba através da escola de samba Piratas Estilizados, participando das gravações de seus sambas-enredo. Projetos como Ritmista do Amanhã (2016) e Talento se Faz em Casa (2023/2024) formaram dezenas de novos músicos, mostrando sua dedicação à formação cultural de jovens.
Legado
Poca do Rap é mais do que um artista; é um militante, educador e símbolo da resistência negra no Amapá. Sua trajetória é um exemplo de como a arte pode transformar vidas e comunidades, unindo ritmos, histórias e lutas em uma narrativa de orgulho e pertencimento.
Por João Ataíde o Viajante.
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